1.10.10

Bruno, Mizael, Pimenta Neves e Maura Graciele - Impunidades e disparidades na justiça


"IN DÚBIO PRO SICIETÁ"

A justiça brasileira é no mínimo estranha, ou muito complexa. Dois casos tem chamado atenção ultimamente do povo e da justiça brasileira devido às pessoas envolvidas e condições em que foram realizados.

O primeiro, se trata do caso envolvendo o goleiro Bruno do Flamengo, acusado de ter sido o mentor do possível assassinato de sua amante, a modelo Eliza Samúdio. O segundo, o de Mizael Bispo, advogado e policial militar reformado, acusado de matar a advogada Mércia Nakashima.

Enquanto Bruno se encontra preso e teve um pedido de habeas corpus negado no último dia 21, Mizael se encontra em liberdade provisória em virtude de uma liminar concedida pela desembargadora Angélica de Almeida. Na liminar os advogados de Mizael alegaram que não havia elementos para se decretar a prisão.

Por que um se encontra em liberdade e outro não?

A investigação do caso Mizael afirma que tem provas de ele que juntamente com o vigia Evandro Bezerra Silva, acusado de auxiliar na fuga, participaram do crime. Dentre as provas que a investigação levanta estão:

"...as ligações telefônicas feitas entre eles no dia 23 de maio, o rastreamento do carro de Mizael e uma alga que só existe na represa e que foi encontrada no sapato do advogado. Além disso, Evandro chegou a dizer que Mizael matou Mércia por ciúmes. Também tinha contado que ajudou na fuga do assassino. Depois mudou a versão, negou tudo, e disse que a havia dado sob tortura policial." Trecho retirado do G1

Já no caso de Bruno, as provas que vieram a publico até o momento são principalmente baseadas em depoimentos. Em matéria publicada na folhaonline, o promotor Gustavo Fantini afirma que "há provas periciais fortes, mas que são mantidas em sigilo." O promotor cita ainda "registros de contatos telefônicos entre todos os envolvidos ". O que, segundo ele, "motivou que todos fossem denunciados pelos mesmos crimes."

É algo até contraditório, no caso de Mizael temos como provas ai, algas, ligações telefônicas, rastreamento do carro do advogado, além da confissão inicial por parte de Evandro de que havia ajudado Mizael na fuga. Provas que não diferem muito das de Bruno, mas que talvez coloquem Mizael como muito mais suspeito do que o ex-goleiro do Flamengo. Contudo, Mizael e Evandro se encontram em liberdade provisória, enquanto Bruno e os demais envolvidos em seu caso, se encontram presos.

Há uma explicação para isso, em entrevista para o G1, o criminalista Luis Flávio Gomes, ex-juiz e ex-promotor, explica que:

"Cada juiz tem uma forma de interpretar o direito e a lei processual é muito vaga, quando diz que a prisão pode ser concedida como garantia da ordem pública, por exemplo, isso permite várias interpretações." em entrevista ao G1

E acrescenta:

"Na prisão de Bruno, existe um fundo de verdade de que ele pode destruir provas. Enquanto que, [assim como] no caso de Mizael, temos milhares de assassinos que estão soltos. Temos várias visões do direito [...] O status de advogado transmite mais segurança do que o de jogador de futebol." Analisa o criminalista.

Situações como essas só vem a mostrar como a justiça brasileira é complexa e burocrática, o que as vezes a torna lenta e aos olhos de quem não a conhece a fundo, no minimo incoerente.

Ontem (30/10), a babá Maura Graciele Martins, de 27 anos, assassina confessa teve alvará de soltura concedido pela justiça mineira.

Maura foi condenada em primeira instância a 16 anos de prisão pela morte de seu namorado, o monitor de esportes, Weberson Amaral Resende, na época com 36 anos. Ela teria dado pedradas na cabeça dele, passado com o carro sobre seu corpo por duas vezes, além de tê-lo jogado no rio.

O motivo alegado pelo advogado de Maura para conseguir a liminar de soltura, teria sido o fato de que Maura é ré primária, tem residência fixa, trabalho lícito, e compareceu espontaneamente a todas as convocações da Justiça. [++]

O que é isso Brasil? Ela é ré confessa, utilizou de requintes de crueldade e ainda consegue uma liminar de soltura somente com o argumento de que é ré primária, possui residência e trabalho fixo? Ah, que isso!

Em todos os três casos supracitados, há provas subjetivas suficientes que comprovam a autoria dos crimes por parte dos acusados, contudo, ambos, ou melhor, os dois primeiros, pois Maura já havia sido julgada e considerada culpada, estão protegidos pelo princípio da presução de inocência, disposto no inciso LVII do art. 5o da Constituição Federal de 1988 que diz:

"ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória"

Okay, não se pode ir contra a constituição, mas será que ao menos em casos como esses em que tudo indica, mesmo que subjetivamente, para a autoria dos crimes por parte dos acusados, não se poderia optar sempre para a prisão preventiva do réu?

Ao se deparar com situações como essas não temos uma sensação de impunidade?

Talvez estes casos sejam recentes demais e eu esteja exagerando, então voltemos um pouco no tempo, a dez anos atrás que tal?

No dia 28 de agosto do corrente ano, fez 10 anos que a jornalista Sandra Gomide foi morta com dois tiros pelo namorado, o também jornalista, Antônio Marcos Pimenta Neves. O jornalista até hoje não cumpriu um dia sequer da pena, que era de 19 anos e meio, a qual ele já consegui diminuir para 15, contudo, ainda assim, ele quer anular o julgamento.

Os pais de Sandra desde então passaram por diversos problemas de saúde, desde depressão até cancêr no intestino. Em entrevista ao GloboOnline, João Gomide, pai da jornalista conta que já pensou até em se suicidar:

"Tem dia, à noite, que me dá vontade de morrer. Já até propus para a minha mulher: "Vamos tomar nós dois chumbinho, dar um tiro na testa, sei lá. Mas minha mulher não aceita isso. E eu não posso deixá-la sozinha." GloboOnline

Gomide ainda desabafa sobre a sua descrença para com a justiça brasileira:
"Só acredito em Deus. Não acredito em nada. Muito menos na Justiça brasileira. Nessa, nunca. Acho que vou morrer sem ver Pimenta preso. Ele está condenado, mas não foi preso. "

Na última quinta-feira (30/09) foi apreciado pela justiça um pedido de aumento da indenização a ser paga por Pimenta Neves à familia da jornalista, a indenização foi aumentada para 400 mil reais.

Me pergunto como ele vai pagar isso? Pior que isso é saber que está em liberdade e continuará por mais tempo. Enquanto isso, quem paga realmente por seus atos, são os pais de Sandra que sofrem dia após dia, ano após ano com a liberdade de Pimenta Neves.

Com base nisso, fico com medo de supostos assassinos, no final das contas também ficarem livres pro resto da vida, ou por no minimo, longos anos, por falta de provas concretas sobre seus crimes, sendo que as provas subjetivas sugerem a autoria dos crimes. A prisão preventiva sem direito a habeas corpus é o minímo que poderia ser feito em situações como essas até que o casso fosse totalmente elucidado, ou nem que fosse por pelo menos uns 2 a 3 anos.

Leitura complementar
:

Diferença entre os pedidos de prisão de Bruno e Mizael
TJ deve decidir se Mizael e Evandro continuarão soltos ou serão presos
Babá é condenada a 16 anos e sai do júri presa
Babá que matou o namorado fica livre
Pai de Sandra Gomide não tem esperança de que Pimenta Neves cumpra pena
TJ aumenta para R$ 400 mil indenização a ser paga pelo jornalista Pimenta Neves aos pais de Sandra Gomide
Promotor diz que Eliza foi vítima de "plano macabro"; leia íntegra da denúncia
Perícia conclui laudo de rastreador de carro de Mizael
Mizael ligou 16 vezes para vigia no dia em que Mércia desapareceu, diz polícia
O princípio da presunção da inocência

Caso Bruno: Acusado de homicídio pode ser condenado sem que se encontre o corpo da vítima?

7.11.07

Jornalismo político hoje - Algumas considerações

Depois de assistir a uma palestra do jornalista Villas-Bôas Corrêa sobre jornalismo político, resolvi colocar aqui alguns dos principais tópicos discutidos e alguns textos para contextualizá-los.

Ideologia partidária

Texto de Tercival Campestre Barbosa

"O príncipio para haver mais de um partido é haver mais de uma proposta de governo. Poderíamos ter um só partido pois a proposta de todos é a mesma: Legislar em causa própria!
Quando falamos em comunismo, socialismo, capitalismo, feudalismo, monarquia, temos propostas diferentes de governo. O que determina a fidelidade partidária não é uma obrigatoriedade imposta por lei. É a convicção do individuo em uma ideologia política.
Os partidos não tem ideologia, proposta de governo muito menos, são oligarquias!
Fidelidade a que se são todos a mesmissima coisa!
Exemplifico com o futebol. Antigamente, muito antigamente, um jogador nascia e morria pela sua camisa. Hoje de acordo com a melhor proposta seu passe é vendido e comprado e ele não tem mais time... É tudo futebol ... E ele joga onde pagar mais."


Publicado no Jornal de debates em 02/04/07 - Versão completa aqui

A supressão do jornalismo político

Esta igualdade existente entre as bases dos diversos partidos vem sendo um dos fatores que priva o jornalismo político de mostrar algo mais a sociedade, não há jogo político no governo, não há discussão, não há propostas e propósitos diferentes, com isso o jornalismo político é limitado a informar somente sobre questões do tipo fraudes no congresso e novos programas do governo.

O que vemos hoje no congress é uma luta entre oposição e governo para ver quem derruba quem primeiro utilizando-se de artifícios pelos quais os envolvidos já foram contra ou a favor no passado, como a CPMF, por exemplo. Ao invés de jogo político, há um jogo de interesses, nada mais norteia os partidos e muito menos seus afiliado, que lá estão apenas para alcançar seus objetivos próprios.

A censura política nos jornais regionais

Antes uma informação retirada da wikipédia sobre o jornal O Estado de São Paulo e a Ditadura Militar.

"Em 13 de dezembro de 1968, a edição do Estado é apreendida em razão da recusa de Mesquita Filho de excluir da seção "Notas e Informações" o editorial Instituições em Frangalhos, no qual denunciava o fim de qualquer aparência de normalidade democrática. A partir de então, o jornal passa a contar com censores da Polícia Federal em sua redação, ao contrário dos outros grandes jornais brasileiros que aceitaram se censurar.
Com a morte de Mesquita Filho, o Estado passa a ser dirigido em 1969 por Julio de Mesquita Neto. Nesse período o jornal ganha visibilidade mundial ao denunciar a censura prévia com a publicação de trechos de Os Lusíadas, de Luís de Camões no lugar de matérias proibidas pelos censores. Em 1974, recebe o Prêmio Pena de Ouro da Liberdade, conferido pela Federação Internacional de Editores de Jornais."

Versão completa aqui

Sobre o jornalismo político feito pelos jornais regionais acredito que nem é preciso comentar muito, basta dizer que não veiculam informações que denigrem ou apontem algum erro ou falha dos atuais governantes de seus estados. Várias são as hipóteses sobre o que acontece com o jornal ou jornalísta que tenha a coragem de fazer isso, uma delas é que ele é mandado para outra sucursal bem longe de onde ele está - tipo, transferir-se do Rio Grande do Sul para o Ceára, ou também pode acontecer do dono do jornal ser demitido como aconteceu com Mesquita Filho.

Falo disto para mostrar as limitações que o jornalismo político sofre em seu meio, com isso, este tipo de jornalismo acaba deixando de promover discussões que fomentem um dialogo mais democrático entre a sociedade e o governo. O caráter do jornalismo político passou a ser meramente informacional ou parcial. Esta apatia mostra o quanto o jornalimos político esta caindo em sua crítica.

Bem que os jornais de hoje poderiam colocar um poema sempre que houvesse algo de errado acontecendo com a atual administração pública do estado heim?.

Jornalismo político e a busca pela objetividade

"Hoje falta aquela conversa no pé do ouvido"

Foi assim que Villas-Bôas resumiu o que é o jornalismo político hoje. Não há uma maior aproximação dos jornalistas para com os políticos, não se fala aqui de lobby e sim de uma busca mais aprofundada sobre cada nuance que envolva o tema e seus personagens.

Muito disso se deve as características marcantes da imprensa em geral, a correria pelo fechamento implica em textos suscintos e averiguações cada vez mais supérfluas
das informações junto as fontes. Villas-Bôas defende que para se fazer um jornalismo político de qualidade é necessário tempo e um maior espaço para as análises destes jornalistas, fazendo com isso, com que o jornalismo político não se limite somente a objetividade da informação, mas também à dissecação desta, que muitas vezes pode ser feita pelo próprio jornalista que cobriu a matéria, mas que não o é devido as limitações editoriais.

O sentido desta objetividade e subjetividade confesso que não entendi muito bem, afinal, há jornalistas políticos conceituados no Brasil, e estes tem seus espaços onde podem expor com mais liberdade a visão que têem do cenário político atual. Enfim foi isso o que consegui pegar da palestra, não é tudo, porém dá para debater em cima.

Mas afinal, o jornalismo político esta em vias certas ou encontra-se mesmo em declínio? - Acrescenta-se a isso, a política atual, pois, será que esta política na qual não existe o jogo político, também não é uma das causas para o declínio e limitação da cobertura jornalistica apontada por Villas-Bôas?

24.10.07

Rascunho antigo - Second life- os lados da moeda

Rascunho antigo, mas que vale ser postado ainda...huhu

Segond Life - Os lados da moeda

Encontrei no meio de meus rascunhos, para não perdê-lo resolvi postar. Como é um tema que não esta tão em voga como antes, preferi deixar lá no meio das antigas mesmo, mas vale a pena ler...^^

20.10.07

Galo e Flamengo - Camisa 12 - Da indignação para a inveja...o_O

Algumas poucas questões rondam a polêmica entre Atlético Mineiro e Flamengo sobre a aposentadoria da camisa 12 rubro-negra, ato este, que o Flamengo (não em sua totalidade) considerou-se como sendo pioneiro até certo momento, pois como já é sabido, o Atlético Mineiro é quem foi o primeiro clube brasileiro a imortalizar a camisa 12, fato este, que se deu em seu último jogo pela série B de 2006 contra o América de Natal.

Polêmica

Depois da cobertura feita em cima da idéia flamenguista, a torcida atleticana se sentiu indignada com tal afirmação de pioneirismo constatada na carta do conselheiro flamenguista Reginaldo Beltrato, carta esta, que se trata do pedido formal sobre a aposentadoria da camisa 12 rubro-negra.

"Aposentar a camisa número 12 seria a maior, mais linda e inédita homenagem que um clube poderia prestar à sua torcida." "Sou sócio e deixo essa sugestão pioneira, para os Srs. que são flamenguistas de raiz como eu." "Espero que a idéia prospere, antes que outro clube a tenha e digam que o Flamengo a copiou." - Trecho retirado da carta de Beltrato


Carta isponibilizada também no portal da globo

É Sr. Beltrato, sinto lhe dizer, ou melhor, tenho o prazer de ressaltar novamente: O Flamengo copiou a idéia. Talvez a torcida do Flamengo poderia ter ficado sem escutar essa, caso não estivesse escrito na carta/pedido que o Flamengo foi o pioneiro. Acredito, assim como muitos, que não há nada demais em copiar idéias que deram certo, o que incomoda, é que a idéia seja copiada e tida como inovadora por quem a copiou, e o pior disso tudo é que se tratou de um clube brasileiro.

É inveja ou indignação de torcedor?

Ao longo deste período de frisson em cima da camisa 12 rubro-negra, venho notando as coberturas sobre a ação do Flamengo e o posicionamento do Galo, coberturas estas, que vem sendo na minha opinião, voltadas somente para o lado da indignação (abordada sob a perspectiva de inveja) da torcida do galo a respeito do assunto, parecendo algo do tipo: "Nós fomos os primeiros, copiem, copiem"; o que de certa forma fica parecendo inveja por parte da torcida atleticana, quando na verdade, o que deveria ser mostrado, é que o Atlético é quem foi o pioneiro e que a "idéia inovadora" e palavras do conselheiro flamenguista são falhas.

Como prova deste tratamento errado ou tendencioso por parte da imprensa, basta ver esta chamada no portal da Globo na página do Flamengo no qual o portal intitula como inveja da torcica atleticana, o ato de se fazer uma camisa satirizando a idéia flamenguista.

Ainda não encontrei algum site que fale, aponte, ou critique os erros que constam na carta de Beltrato (opa encontrei), se foram frases conscientes ou não, é díficil saber, mas defendo que eram dignas de exposição e do tratamento adequado na mídia para respaldar de forma correta a indignação da torcida atleticana, o que não foi feito da maneira mais sensata.

Contudo há que se lembrar também, que nem todos torcedores pensam igual, ou seja, muitos satirizam a idéia do Flamengo somente por se tratar de uma cópia da idéia do galo mineiro, que foi pioneiro aqui no Brasil neste assunto, outros já estão indignados somente pelo conteúdo da carta, são várias as motivações dos torcedores atleticanos (indignação, inveja), mas o que acho, é que o que realmente deveria ser mostrado como fator propulsor de tanta indignação (resultando na camisa satirizada), não o foi com a devida proporção, e agora fica parecendo inveja de torcedor, quando na verdade não se trata somente disso.

Enfim, fica aqui registrado o meu protesto.
o/

17.10.07

A luta da música Independente no cenário nacional

A industria fonográfica esta cada vez mais escassa de novos nomes no cenário musical, uma gama enorme de músicos independentes se encontram no mercado da musica, porém a pressão e concorrência imposta pelas grandes gravadoras, os impedem de crescer e rivalizar com artistas já tarimbados.

Nos encontramos em meio a um cenário musical no qual os únicos artistas que despontam, são aqueles que repetem a fórmula de seus antecessores, com isso, volta e meia nos deparamos com o sucesso de uma nova dupla sertaneja, ou com uma nova banda de emocore, e esta fórmula vem sendo a receita de sucesso no cenário musical brasileiro, na qual, letras, arranjos, ritmos, sonoridades, harmonia e instrumentos são sempre os mesmos, não havendo nada de inovador.

Não quero dizer através destas exposições, que estes músicos já inseridos no cenário musical devem inovar ou investir em outros segmentos, e muito menos quero dizer que estes ramos da musica são ruins, o que quero aqui, é mostrar que há vários outros ritmos com outras sonoridades espalhados por este "mundão" que é o Brasil, mas que devido a falta de apoio, são conhecidos somente nas regiões e pelos indivíduos com os quais estes artistas tem contato.

A quantidade de festivais dos quais estes músicos e bandas independentes participam ao longo do ano é considerável, contudo o espaço na mídia de massa se encontra restrito à programas e canais específicos, como exemplo disto, pode-se citar a Rede Minas e seus programas - alto falante e Musica Independente, além também da Rádio Inconfidência com o mesmo programa de promoção à musica independente mineira.

Arrisco a dizer, que é muito mais prazeroso ir a um dos vários festivais da cena alternativa e independente espalhados pelo Brasil, do que ir em um festival promovido por uma grande emissora de rádio ou tv, tal opinião, se deve muito as características do público, e principalmente a riqueza e variedade dos sons que se pode encontrar nestes festivais da cena alternativa.

A título de conhecimento, segue ai alguns festivais que promovem a música independente no Brasil:
Festival Garimpo: Realizado em Belo Horizonte, através de uma parceria entre o programa alto falante e o bar A obra.

Abril pro Rock: Realizado anualmente no mês de abril, em Pernambuco; O Goiânia Noise; e o Mada realizado em Natal. Há ainda aqui em Minas, o Conexão telemig celular de música.

Felizmente há meios pelos quais estes músicos podem mostrar seus trabalhos para uma parcela maior da sociedade, e é legal ver grandes instituições como a Telemig (com o Conexão), a Oi (com o Garimpo) e a Tim (com o Mada) incentivando e apoiando estes eventos, acrescenta-se ainda também à estes meios de promoção, as leis de incentivo a cultura, que vem sendo cada vez mais usadas para a efetivação e realização de eventos como o Conexão e o Projeto de música independente, conseguindo assim, dar mais espaço para estes artistas independentes, que se encontram espalhados e muitas vezes desconhecidos em meio ao imenso cenário nacional da música brasileira.

Com esta evolução, por parte das instituições, no modo de ver os artistas da cena independente, espero que a variedade de ritmos existentes no Brasil possa ser levada e conhecida em todos os cantos deste país. Ritmos, sons e letras tão variadas não podem ser restritas somente à pequenos guetos, quanto mais influências musicais existirem no país, mais rico culturalmente seu povo ficará, pois muito do que estes artistas fazem, pode ser considerado musica de qualidade, seja por sua musicalidade, seja por sua mensagem, o que, não se vê há muito tempo nos principais hits do momento.

Vejo músicos muito bons neste cenário independente, músicos estes, que com certeza almejam o sucesso e esperam um dia ouvir seu som sendo tocado em diversas rádios pelo Brasil, vamos ver se com esta onda de apoio cultural, grandes empresas ofereçam - através das leis de incentivo a cultura - cada vez mais oportunidades para estes artistas serem conhecidos nacionalmente, para que assim se possa conseguir deixar estes artistas em pé de igualdade com os músicos e ritmos de massa brasileiros, não com o intuito de competir, mas sim de mostrar a riqueza dos ritmos e músicos espalhados por todo o Brasil.

28.9.07

Um viva a "pirataria saudável"


A segunda temporada da série Heroes teve seu ínicio neste último dia 24 nos Estados Unidos, sendo transmitida pela rede de televisão americana, NBC. Com seu grande sucesso e um enredo dramático, a série conseguiu angariar fãs pelo mundo inteiro, e aqui no Brasil não é diferente. Contudo, o mais incrível e também o motivo da criação deste post, é que no mesmo dia 24/09, já podiamos ter acesso ao episódio em perfeita sintonia com a exibição da tv americana, exemplo disso é o sopcast, algumas horas depois já tinhamos acesso ao episódio em formato avi ou rmvb, e em no máximo um ou dois dias o episódio já se encontrava legendado, para o deleite dos fãs brasileiros.

Este compartilhamento não é fenomêno recente, já desde a consagrada série Lost, este "protocolo" vem sendo seguido (provavelmente até antes de Lost), mas como eu ainda não havia comentado aqui sobre este assunto, resolvi agora, louvar também esta "pirataria saúdavel" de séries de tv, assim como o fiz também sobre o compartilhamento digital de músicas.

É importante atribuir ao termo "pirataria saudável" (utilizado por Fernando Anitelli [vocal - Teatro Mágico] em entrevista concedida ao oba oba), o conceito de compartilhamento sem fins lucrativos, ou seja, sem a intenção de venda à terceiros. Esta pirataria defendida aqui é muito diferente, por exemplo, da ação que houve em cima do récem lançado filme brasileiro - Tropa de Elite, que foi pirateado e vendido meses antes de sua estréia nacional a miseros 10 reais em todas as bancas de camêlos do Brasil.

Como se vê, há formas diferentes de pirataria, e para mostrar as diferenças entre estas formas de se piratarear mídias, nada melhor do que se basear na lei. Seguem ai alguns trechos da Lei nº 9.610, de 19.02.1998 do Ministério da Ciência & Tecnologia.

Capítulo IV - Das Limitações aos Direitos Autorais
Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais:
...
II - a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro;
...
Título VII - Das Sanções às Violações do Direitos Autorais
Capítulo I
Disposição Preliminar
Art. 101. As sanções civis de que trata este Capítulo aplicam-se sem prejuízo das penas cabíveis.
Capítulo II
Das Sanções Civis
...
Art. 104. Quem vender, expuser a venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no exterior.


Afinal, como Heroes, Lost ou 24 horas ficaram tão conhecidas mundialmente? - Será que é somente com a veiculação na tv fechada? - A web e seu compartilhamento, tiveram papel fundamental no sucesso mundial destas séries, e hipotéticamente falando, não duvido nada de que uma grande parcela dos compradores dos Box em dvd destas séries, seja formada por estes mesmos compartilhadores da web.

Para reforçar a idéia acima, em matéria publicada no site ohaYO sobre entrevista concedida por Stefania Granito (Gerente de Marketing dos canais da Sony como AXN e Animax) ao jornal Agora São Paulo, há a seguinte opinião de Stefania como representante dos canais:

“Os fãs promovem grupos de discussão na Internet, e isso ajuda na divulgação da série. Nos sites, eles disponibilizam links para quem quer baixar os capítulos para ver ou rever. Não consideramos que isso seja pirataria porque eles não estão comercializando o programa”. - Stefania Granito

Ainda na matéria, há a declaração de Elie Wahaba (Gerente Sênior VP da América Latina e Caribe da Fox), que julga "não ser crime baixar episódios disponíveis na internet desde que seja para uso próprio 'As pessoas baixam porque querem assistir antes', o problema para a Fox seria a comercialização destes episódios em CDs ou DVDs sejam na própria rede mundial de computadores ou em barraquinhas e standes." - Trecho retirado do ohaYO

No mais, termino este post, com mais uma frase de Fernando Antinelli, frase esta, que é voltada mais para o lado musical do compartilhamento, mas que pode ser aplicada também ao compartilhamento de outras mídias como foi demonstrado através das opiniões acima.

"Isso que é o grande sarau. Fazer o nosso país compartilhar coisas, idéias, musicas, educação, sabedoria, a sabedoria não tem dono, a arte não tem dono ela tem alguém que produz e para produzir isso precisa de um respaldo para ser executado...Por isso que eu estou falando dessa pirataria saudável que é compartilhar a arte. Tornar a arte cada vez mais acessível, isso sim." - Fernando Antinelli - vocalista da banda O teatro mágico.

Um viva ao sopcast que me possibilita assistir aos jogos das ligas européias, um viva a 'pirataria saudável' e a seus fiéis marujos, enfim um viva ao "sarau da web" e toda a magia que ele carrega!!!

^^

Links e referências interessantes

21.9.07

Com a Foca e o Coelho na mão

Enquanto comentaristas pelo Brasil todo recriminam a entrada de Coelho no jogador Kerlon do Cruzeiro no último clássico mineiro deste domingo 16/09, jogadores e técnicos em todo o Brasil defendem ou minimizam a atitude de Coelho e pedem prudência na realização da jogada.

Depois de ver todo o burburinho, resolvi fazer um levantamento das opiniões coletadas pelos jornalistas do portal Globo junto aos jogadores e técnicos do Brasil. De antemão, já vos digo que coletei aqui somente as opiniões as quais eu defendo e acho mais coerentes, não por eu ser atleticano, mas sim por achar também que o momento não era propício para a jogada, e que, Coelho não agrediu o jogador cruzeirense como a mídia vem falando (principalmente os comentaristas), e sim, deu uma entrada violenta, como o próprio arbitro relatou na súmula.

“Aos 35 minutos de jogo do segundo tempo foi expulso de campo o atleta nº 2, senhor Dyego Rocha Coelho (expulsão direta), pertecente à equipe do Clube Atlético Mineiro, por uma entrada violenta, atingindo a região do peito do atleta, senhor Kerlon Moura Souza, nº 17 da equipe do Cruzeiro Esporte Clube, com uma das pernas, impedindo a seqüência de dribles do atleta adversário. Informo ainda que esse atleta já havia sido advertido com cartão amarelo”.

Sobre este lance, ainda tem duas questões que eu talvez venha a discutir futuramente:
A diferença entre agressão e entrada violenta
Afinal o que é agressão? - é o que o Coelho fez com Kerlon, ou o que Edu Dracena fez com Alex Alves em 2003?

Futebol arte e firula, habilidade ou provocação - onde está o limite?
O que Kerlon faz se enquadra em qual destes campos? - Comparar (como alguns já fizeram) esta jogaga com o drible que Ronaldinho aplicou em Dunga em um Grenal de 1999, é uma afronta ao conceito de futebol arte, na minha opinião. Como Edmilson, zagueiro do Barcelona disse, futebol arte é o que Ronaldinho, Messi, Cristiano Ronaldo e Kaká fazem, e não o que Kerlon fez, a diferença é visível, uma coisa é você humilhar o adversário com um drible desconcertante, vide R. Gaúcho, outra é você humilhar e menosprezar o adversário com uma firula, que por mais que se demonstre habilidade, não passa de uma firula que nunca resultou em nada.

Vejo pesos e medidas completamente diferentes utilizados pela mídia, o que pode prejudicar consideravelmente o julgamento do jogador, mas em contrapartida, há os próprios atores do meio futebolístico que defendem ou minimizam a atitude do lateral atleticano, e analisam a jogada de Kerlon, como será visto a seguir.

Enfim segue ai as opiniões escolhidas (isso mesmo, escolhidas). E, "para não dizer que não falei das flores", as opiniões em defesa à jogada de Kerlon e que repudiavam a entrada de Coelho, foram bem menores, mas em contrapartida, a opinião dos torcedores é favorável à Kerlon, porém ainda assim, me sinto a vontade para expressar e mostrar as opiniões as quais julguei mais interessantes e que também avaliam bem os dois lados.

"Dunga absolve Coelho: 'ele foi no ombro'"

- Ele [Coelho] não teve maldade, foi no ombro (de Kerlon). Foi uma falta tática - analisou Dunga... ...O que não pode é ele fazer o drible só quando estiver ganhando. Tem que ser ganhando ou perdendo, aí não tem problema - afirmou o técnico
"O auxiliar Jorginho mostrou sintonia com o seu parceiro no comando da seleção. Também absolveu Coelho, lembrando que "até Pelé já deu cotovelada", e afirmou que Kerlon foi imprudente ao dar o drible da foca no clássico, quando o Cruzeiro vencia por 4 a 3. Mas disse que entradas mais violentas precisam ser evitadas."
[++ no portal Globo]

"Joel [técnico do Flamento] recrimina drible de Kerlon"

...Os dois jogadores erraram. Contra o Flamengo, o nosso time vencia por 3 a 1 e o Kerlon entrou. Ele não fez o drible. Naquele momento do jogo contra o Atlético-MG, ele estava errado de fazer aquilo. Se toda vez que o time dele estiver ganhando e ele colocar a bola na cabeça será complicado. Ele não fez quando o time estava perdendo - diz Joel Santana.
...Nenhum jogador gosta de ver aquele tipo lance quando está perdendo. Quem disser o contrário, está mentindo - afirma.
[++ no portal Globo]

"Fabio Luciano [zagueiro do Flamengo] analisa o lance de Kerlon"

...O Kerlon mostrou a sua qualidade e o Coelho tirou a bola dele. - diz Fábio Luciano.
[++ no portal Globo]

Kléber, lateral do Santos sobre o lance

..se torna uma jogada provocativa porque já está no final da partida e todo mundo já começa a segurar a bola... A jogada é muito perigosa para ele e até para o defensor. Se o defensor der uma cabeçada nele pode até levar a pior.
[++ no Globo online]

Mauro Galvão - ex-zagueiro do Vasco

...Se o Kerlon fizesse isso quando a partida estava 2 a 0 para o Atlético-MG, eu ia achar legal. Mas fazer com o time ganhando e ainda mais em uma partida tensa como um clássico é muito complicado. Não me agrada esse drible, porque não vejo um objetivo nele. ...Eu prefiro o Guilherme ao Kerlon. Ele entrou em campo e fez dois gols. Esse é o futebol a que eu estou acostumado, o que procura o gol. Não adianta tentar descobrir a América, tem que jogar futebol. - finaliza Mauro.
[++ no portal Globo]

David e Marcos do Palemeiras analisam a jogada

- É difícil avaliar sem estar dentro de campo, mas acho que o Kerlon escolheu a hora errada para fazer a jogada...Por isso, apesar da violência, eu entendo a atitude o Coelho - explica David
- Eu entendo os dois lados. O Kerlon, que tem habilidade e talento para fazer a jogada com a bola na cabeça, e o Coelho, que estava perdendo o jogo, e por se sentir menosprezado perdeu a cabeça. É preciso ter cuidado com as provocações dentro de campo nos clássicos. Os nervos estão à flor da pela e qualquer atitude pode fazer o adversário chegar mais firme em uma jogada - analisa Marcos.
[++ no portal Globo]

Sandro Goiano, jogador do Gremio naõ faria o que Coelho fez, mas pondera:

O que ele faz está na regra, e o que o Coelho faz também está. Ele vai ser punido pelo ato dele. Faz parte do jogo. Mas o estranho é que o Kerlon não fez nada disso quando o Cruzeiro estava perdendo. Por que só fez depois? - questiona.
[++ no portal Globo]

Luiz Alberto, zagueiro do Fluminense sobre o lance

Aquilo desrespeita os jogadores que estão do outro lado que também são profissionais...
...Luiz Alberto citou como exemplo de desrespeito a jogada que o atacante Edílson fez (fazer embaixada e colocar a bola na nuca) com a camisa do Corinthians diante do Palmeiras e Pedrinho, que também fez embaixadas contra o Flamengo quando jogava contra o Vasco.

[++ no portal Globo]

"Finazzi faria o mesmo"

Não achei nada exagerado. Até faria igual ao Coelho. Ele foi no corpo do Kerlon. Talvez, teria de virar um pouco mais o ombro para ser só obstrução. Não acho que foi jogada para cartão vermelho – afirma Finazzi.
[++ no portal Globo]

Rubens Júnior e Jorge Luis, jogadores do Vaso

“Acho falta de respeito sim, mas não sei qual seria a minha reação. Aquilo é ‘petecar’ a bola, pois Kerlon não vai para marcar um gol ou dar um bom passe. Coelho está errado, pois condeno a agressão. Porém, os dois erraram". - opina Rubens
“...Kerlon é habilidoso. Temos de manter forte atenção e não dar espaço para que ele faça a jogada. É complicado, pois considero falta de respeito um jogador fazer isso. Se Kerlon driblar daquele modo, não darei pontapé. - diz Jorge Luís
[++ no portal Globo]

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Repito, a intenção deste post, não é dizer que Coelho está certo e Kerlon está errado, na minha opinião ambos erraram, e acho que Coelho errou muito menos do que Kerlon, pois a meu ver o jogador cruzeirense fez a jogada unicamente para menosprezar o adversário, contudo, Coelho fez a falta, mas está falta esta longe de ser considerada uma agressão.

Sem mais...por enquanto...^^